Música

Olha O Menino - Negra Li

Olha o menino ainda não tem idade
Mais realidade aí a fora filho chora pode ser bem triste
Miséria existe nos quatro cantos da grande cidade
Cheio de coragem, de luta que tem
Vendendo drop's no trem
Hoje em dia outra história
Menino não joga bola, não joga!
Olha o menino na escola... viu?!
Ensinaram que um Pedro descobriu o Brasil
Isqueiro pro pavil
Dinheiro ninguém viu?!
Negreiro pro navio, negreiro!!
É... e pode ser um pesadelo
Olha o menino está perdido por inteiro
Está perdido por inteiro
E o menino tá perdido, tá perdido na ilusão
E o político vendido
Ta vendendo solidão
E a solidão não é solução pra nós
E a solidão não é solução pra nós
Como é que faz pra compreender esse problema
Como e que faz pra resolver não faz esquema
O esquema faz assim
E o seu lema é dim dim
E o menino esquecido até o fim
Olha o menino ainda não tem idade
Mais realidade na criminalidade
Pode ser bem feio daquele jeito
Olha o menino resolvendo
Bate de frente a repressão
Olha o ministro cadê a educação
Olha o menino no jornal televisão
No jornal televisão
Vejo a televisão
Eu sou um cidadão
Faça a reflexão
Não acho sério não
Menino não tem culpa não
Político ladrão "dinheiro não é problema é solução"
Cadê então?
E quem te viu quem te vê, doidão
O que era cinco agora é dez é inflação
O valor é cifrão
Por favor preste atenção
Aqui é Helião
Tamo no mesmo barco na mesma situação
Sou malucão a minha eu faço
E não tô por acaso
E os manos aqui não vão ter dó
Maluco só
Pra não chorar vou falar vou rir
Com a Negra li...HAHA
Eu to aqui...HAHA
Foi bom pra mim se pá
E zona norte brazinlândia
Não é disneilândia
Passei a minha infância toda pro ali
Onde é melhor se respeitar pra não morrer
Não pode se perder
E ainda tem quem pense assim
"maiores são os valores
para nós sobram as dores
pisaram sobres as flores"
periferia e um jardim
Onde se planta amores e as dores!!!
Vou cantar que é pra ver um bom lugar
eu vou...
Vou cantar que é pra ver um bom lugar
Pra ver a vida do menino
Mudar da água pro vinho
Brindar para que abram os caminhos
Vou cantar que é pra ver um bom lugar
eu vou...
Vou cantar que é pra ver um bom lugar
Na humildade hoje e sempre
Maluco só e a gente
É ruim de se quebrar essa corrente.


Eu não pedi pra nascer - Facção Central

Minha mão pequena bate no vidro do carro
No braço se destacam as queimaduras de cigarro, a chuva forte ensopa a a camisa e o short
Qualquer dia a pneumonia me faz tossir até a morte
Uma moeda, um passe me livra do inferno, me faz chegar em casa e não apanhar de fio de ferro
O meu playground não tem balança, escorregador, sua mãe Vadia perguntando quanto você ganhou
Jogando na cara que tento me abortar, que tomou umas 5 injeções pra me tirar
Quando eu era nenê tento me vender uma pa de vez, quase fui criado por um casal inglês
Olho roxo, escoriação, porra, que foi que eu fiz? Pra em vez de tá brincando ta colecionando cicatriz
Porque não pensou antes de abrir as pernas, Filho não nasce pra sofrer não pede pra vir pra Terra.
O seu papel devia ser cuidar de mim, cuidar de mim, cuidar de mim
nao espancar, torturar, machucar, me bater, eu nao pedi pra nasce
O seu papel devia ser cuidar de mim, cuidar de mim, cuidar de mim
Não espancar, torturar, machucar, me bater, eu não pedi pra nascer
Minha goma é suja, louça sem lavar, seringa usada, camisinha em todo lugar
Cabelo despenteado, bafo de aguardente é raro quando ela escova os dentes
Várias armas dos outros moquiadas no teto, na pia mosquitos, baratas, disputam os restos
Cenário ideal pra chocar a UNICEF, Habitat natural onde os assassinos crescem
Eu não queria Playstation nem bicicleta, só ouvir a palavra filho da boca dela
Ouvir o grito da janela A comida tá pronta, não ser espancado pra ficar no farol a noite toda
Qualquer um ora pra Deus pra pedir que ele ajude, dê dinheiro, felicidade, saúde
Eu oro pra pedir coragem e ódio em dobro pra amarrar minha mãe na cama por querosene e meter fogo
O seu papel devia ser cuidar de mim, cuidar de mim, cuidar de mim
nao espancar, torturar, machucar, me bater, eu nao pedi pra nasce
O seu papel devia ser cuidar de mim, cuidar de mim, cuidar de mim
nao espancar, torturar, machucar, me bater, eu nao pedi pra nasce
Outro dia a infância dominou meu coração, gastei o dinheiro que eu ganhei com um album do Timão
Queria ser criança normal que ninguém pune, que pula amarelinha, joga bolinha de gude
Cansei de só olhar o parquinho ali perto, senti inveja dos moleque fazendo castelo
Foda-se se eu vou morrer por isso, Obrigado meu Deus por um dia de Sorriso
A noite as costas arderam no coro da cinta, tacou minha cabeça no chão
Batia, Batia, me fez engolir figurinha por figurinha
Espetou meu corpo inteiro com uma faca de cozinha
Olhei pro teto vi as armas num pacote, subi na mesa catei logo a Glock
Mãe, devia te matar mas não sou igual você, invés de me sujar com seu sangue eu prefiro morrer....


Reflexão: As duas músicas falam de crianças que não tiveram oportunidades na vida, que precisam ir para as ruas pedir esmola ou trabalhar para ajudar seus pais em casa, ou até mesmo para sustentar os vícios deles.
Na segunda música de Facção Central, podemos perceber a realidade de um menino que a mãe é viciada em drogas e não trabalha. Obriga ele ir para as ruas pedir esmola e quando não trás dinheiro para casa, espanca ele, e com isso essa criança cresce revoltada com a mãe, com o mundo e com a vida e se mata.
Essa é a realidade de muitas outras crianças, que vivem nas periferias, não estudam, tem pais viciados que não ligam para eles, e muitas vezes eles procuram uma maneira de" se livrar " desses problemas, e encontram as DROGAS. No caso do Brasil o percentual das crianças de rua que mendigam para conseguir dinheiro para comprar e consumir drogas é altíssimo, e em decorrência do uso de drogas as crianças sofrem violência física, sexual e social, passam a viver isoladas e predispostas ao crime, sem contar os danos físicos que vão dos cerebrais até psicoses pela dependência, passando pela depressão, tudo isto aliado ao grande risco da contaminação por doenças transmissíveis como a AIDS e a Hepatite, pelo uso de seringas.
O problema das crianças de rua é gravíssimo e deve merecer atenção especial da sociedade e das autoridades, sob pena de continuarmos vendo em nossas cidades tristes cenas de meninos e meninas de rua mendigando indiretamente por drogas.


Por: Lorena Agnes

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