Violêcia Infantil


Trata-se de uma forma cruel de violência pois a vítima é incapaz de se defender.
Uma pesquisa inédita realizada por professores do Departamento de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto mostrou que o número de casos de violência contra crianças é maior do que as estatísticas divulgada pelos órgãos oficiais. O trabalho também mostra que, diferentemente do que muitas pessoas pensam, a violência doméstica atinge todas as classes sociais. A professora e psicóloga Marina Rezende Bazon pesquisou a violência doméstica contra crianças em escolas públicas e privadas de 25 cidades da região. As entrevistas foram feitas com os professores porque, segundo a pesquisadora, eles conseguem identificar melhor os sinais de maus tratos. A taxa de violência infantil encontrada na pesquisa foi maior do que a divulgada pelos órgãos oficiais. Em Ribeirão Preto, por exemplo, em média, 5,7% das crianças, de zero a dez anos sofrem maus tratos. A pesquisa revelou que as cidades com taxas mais altas de violência são as possuem menor número de moradores. Na região de Ribeirão Preto, em Santa Cruz da Esperança, 10% das crianças entre zero e dez anos são vítimas de violência doméstica. Já em Santo Antônio da Alegria, o índice é de 9% e, em Dumond, de 7%. Os dados mostram também que em Ribeirão Preto 8% das crianças de zero a seis anos sofrem mais com a negligência. Já 3,9% das crianças na faixa entre sete e dez anos são vítimas de agressões físicas. Segundo a psicóloga, a violência infantil é registrada em todas as classes sociais, com a mesma probabilidade. Marina Rezende Bazon compara a gravidade dos números revelados na pesquisa com o índice de Aids no Brasil. “A taxa de casos Aids no Brasil chega a 0,65%. E só em Ribeirão Preto, a taxa de violência infantil é de 5,7%”, analisa. Os números mostrados na pesquisa são comprovados nos abrigos da cidade. No Centro de Apoio a Criança Vitimizada de Ribeirão Preto (Cacav), que atualmente abriga 55 crianças vítimas de violência doméstica, a capacidade é para 50 crianças e adolescentes entre dois e 18 anos. A casa recebe, em média, dez novos casos por mês. De todos as crianças atendidas neste ano, em 57% dos casos, o motivo era a negligência dos pais. A coordenadora técnica do Cacav, Marilda Cardoso de Almeida Iara, diz que a função do abrigo é fazer com que os pais se cheguem a um entendimento com os filhos. “Nós tentamos resgatar esse vínculo, ou seja, ensinar pais a atuarem como pais”, explica.

Por Luise Bulcão

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